Meu relacionamento acabou: o que fazer?
No consultório sempre recebo perguntas sobre términos de relacionamentos amorosos. Esta é talvez uma das dúvidas mais frequentes, junto a perguntas sobre doenças mentais, falta de sentido na vida e outras questões sobre dificuldades de relacionamentos – não só amorosos. O amor é uma questão delicada, indiscutivelmente.
E o que fazer quando o relacionamento termina? E pior, o que fazer quando o relacionamento termina, mas não queremos o término? Esta é uma pergunta muito especifica e gostaria de conversar um pouco com vocês sobre o que é importante nesta área, ou seja, qual é o melhor caminho a se tomar.
O término é como um luto.
No texto Luto e Melancolia, de Freud, ele diz que o término de um relacionamento é como um luto, como uma melancolia, como uma depressão. Grosso modo, podemos dizer que todo o investimento libidinal, toda a energia psíquica, que foi direcionada para uma determinada pessoa, agora fica impedida de continuar fluindo para o mesmo objeto. É uma explicação teórica para o sentimento de perda de sentido no rompimento.
Perguntas como “O que vou fazer da minha vida?” e “Agora, como vou continuar?” ou “Não posso viver sem esta pessoa” fazem parte deste início.
Se ocorre que a outra pessoa no relacionamento terminou e você não, ainda há recriminação, lamento, culpa, remorso, e, especialmente, autocrítica. Neste estado emocional lastimável, muitos tentam recomeçar, continuar ou tentar a reconciliação. A tendência de não dar certo é muito grande. E o motivo pode ser visto se pensarmos a respeito da diferença do início e do término.
No começo, o que há é interesse, desejo, vontade de ficar junto, saudade, falta. No término, se a outra pessoa terminou, o que a pessoa que terminou está sentindo pode ser justamente o oposto: vontade de ficar longe, desinteresse ou, simplesmente, a falta de desejo de manter uma relação estável com alguém. Se a pessoa que quer continuar o relacionamento entra na ideia de conseguir voltar, insistindo, se lamentando, ligando insistentemente ou mandando mensagens ou e-mails a toda hora… existe a probabilidade de que a outra pessoa fique ainda mais desinteressada e o sentimento de repulsa tende a aumentar.
Então, o que fazer?
Primeiro Passo: Avaliação racional
Um término não significa fracasso. Em dada medida, podemos dizer que não existem fracassos, existem apenas resultados. Ora, se o relacionamento acabou (podendo ou não ter retorno), podemos utilizar a experiência do tempo de relacionamento para avaliar racionalmente o que houve durante o período. Não importa se foram meses, semanas ou anos… podemos sempre aprender mais sobre nós mesmos e entender melhor o modo como reagimos e como podemos melhorar e nos desenvolver.
Muitas pessoas sofrem em seus relacionamentos em virtude do ciúme. Se pensarmos que o ciúme é o medo de perder a pessoa amada para outra pessoa, veremos como é ilógico ter muito ciúme e brigas relacionadas ao ciúme fazem justamente o relacionamento acabar. Em outras palavras, a pessoa não quer que o relacionamento acabe, não quer perder a pessoa para outra. E o que ela faz? Age com tanto ciúme que o relacionamento acaba! Isso não significa dizer que o ciúme não seja uma reação legítima, em dadas situações, o que seja de todo um mal. Uma pitada de ciúme não tem problema algum, tampouco, trata-se de “ciúme”, propriamente dito, quando há reações a infidelidades ou falta de compromisso.
Então, a primeira coisa a fazer é avaliar o que aconteceu durante o período de relacionamento. Pontos importantes a considerar: como foi o início? Quais foram os pontos negativos? E quais foram os pontos positivos? O que você poderia ter feito de diferente? O que a outra pessoa poderia ter feito de diferente? Para que rumos a relação se direcionava? A pessoa tinha as habilidades e as características que combinam com a relação que desejo pra mim?
Toda esta avaliação vai ajudar no seu processo de autoconhecimento.
Do mesmo modo, pode ser útil comparar as relações a sua volta… que relações você admira? Que tipos de relação você reprova? Para qual dos dois lados sua relação caminhava? Que perfil de parceiro(a) você admira? Que perfil de parceiro(a) você reprova? Seu(ua) parceiro(a) parece mais com o primeiro ou com o segundo?
Segundo passo: será que é melhor tentar voltar ou seguir em frente?
Isto deve ser considerado. Às vezes as pessoas se mantém em um relacionamento destrutivo, que acaba com a autoestima, que destrói os sonhos, que dificulta em outras áreas, mas mesmo assim tem o sentimento de posse ou o medo de ficar sozinho(a), de não encontrar outra pessoa ou em virtude do tempo que passaram juntos, entre outros fatores.
Muitos casais tomam a decisão de “dar um tempo” para avaliar se é melhor continuar ou se é melhor separar. A ideia de “dar um tempo” pode não ser vista com bons olhos por muitos, mas pode ser um período interessante, parecido com o que estamos falando aqui, no primeiro e segundo passos.
As pessoas se unem por muitos motivos diferentes. Como cada pessoa tem a sua individualidade, os motivos são extremamente variados. Avaliar o motivo que fez com que você se apaixonasse ou desejasse iniciar uma relação é fundamental. Assim como em outras áreas, como na área profissional ou carreira, nós também temos objetivos em um relacionamento. Se os objetivos não fazem mais sentido ou se não estão sendo satisfeitos, qual é o sentido em continuar uma relação por mais tempo? Será que é razoável ficar em uma relação pelo medo de ficar sozinho(a)? É esse medo que move um dos dois?
Por exemplo, alguém pode começar um relacionamento por querer ter uma companhia. No começo, há companhia, mas depois de 2, 3 anos, os encontros são cada vez menos frequentes… até chegar a um ponto em que simplesmente não há companhia. Então, começam os sentimentos de tristeza, raiva, ressentimento e às vezes nem se percebe o real motivo: a falta de companhia…
Avaliar se haverá mais companhia ou não, ou seja, se o objetivo principal será atingido faz com que seja mais fácil decidir qual rumo seguir.
Terceiro passo: autoestima
Se estamos em um relacionamento ou se estamos sozinhos, devemos sempre buscar o autoconhecimento e cuidar de nossa autoestima. Conhecer-se a si mesmo é um ideal que vem da filosofia grega, desde Sócrates e é uma tarefa para a vida toda. Muitos se esquecem que o filósofo ateniense também recomendava o Cuidar-se de si mesmo. Cuidar de si quer dizer cultivar a autoestima.
Com o tempo, podemos acabar nos esquecendo de que nós começamos um relacionamento sendo atraentes para o nosso parceiro ou parceira. Isto também significa que um relacionamento começa e se mantém a partir da autoestima…
Não existe uma regra universal que estabeleça como devemos nos conduzir quando um relacionamento amoroso acaba. Se foi a gente que terminou ou se foi a outra pessoa, as reações podem ser muito diferentes. Também influencia fortemente se há ainda desejo para continuar ou não. Existe uma música, cantada pelo Ney Matogrosso, onde ele diz: “Agradeço, você não se interessa mais por mim”…
O que procurei expressar neste texto foram algumas dicas de como avaliar este processo de fim de relacionamento, começo de um novo (com a mesma ou com outra pessoa). Um relacionamento ter terminado não é o fim do mundo – embora às vezes soe desta forma. Temos que saber avaliar até que ponto vale a pena insistir na relação e até que ponto não tem mais sentido.
De qualquer forma, o fundamental é o Cuidar de Si-Mesmo, como nos alertava Sócrates e como nos relembrou o filósofo francês Michel Foucault e se não está conseguindo dar conta sozinho(a) dessa situação, pode ser o caso de uma ajuda profissional, afinal, há muitas formas de uma relação chegar ao fim, e algumas podem, de fato, ser bem difíceis.
De forma mais objetiva:
- Permita-se sentir tristeza;
- Preencha seu tempo (um bom livro; um esporte; quem sabe um curso ou aquele hobby para o qual nunca teve tempo…)
- Cuide da sua saúde (sono, alimentação, atividade física);
- Cerque-se de boas companhias;
- Procure ajuda, se necessário.
FONTE: psicologia.msn.com e psicologoetarapia.com.br
Learn MoreComo funciona a psicoterapia ON-LINE?
A grande vantagem é que todos esses recursos são gratuitos, e não implicam qualquer custo extra a quem decide optar pela terapia on line.
Learn MorePor que algumas pessoas não conseguem fazer amigos?
Uma pessoa pode enfrentar dificuldades para estabelecer interações sociais satisfatórias pelo simples fato de ter poucas informações sobre a natureza das relações sociais, ou ainda, crenças falsas a respeito.
Learn More