Não basta se reconhecer procrastinador(a).
Que tipo de procrastinador você é?
Quanto prejuízo sua procrastinação está lhe trazendo?
Procrastinação é um comportamento comum, e procrastinar de vez em quando geralmente não causa problemas. Na maioria das vezes você é a única pessoa que sofre desse mal. Pelo menos é isso que você diz para si mesmo. Seu primeiro passo para superar a procrastinação é ser honesto consigo mesmo sobre com que frequência isso ocorre e quantos problemas isso está causando para você. Preencha o inventário abaixo e veja se você realmente é o pior procrastinador do mundo ou apenas um procrastinador normal no dia-a-dia.
Inventário de Procrastinação
Para cada item, avalie a extensão na qual os problemas com procrastinação ocorrem em sua vida pessoal, na escola, no trabalho e em casa. Seja honesto consigo mesmo. Para cada item, indique com que frequência ocorre.
Use a escala a seguir.
0 = Nunca ocorre
1 = Acontece algumas vezes
2 = Acontece frequentemente
3 = Acontece com muito mais frequência do que eu gostaria.
Some seu escore para cada subescala. Pense se os comportamentos em cada subescala estão mais relacionados a problemas no trabalho, na sua vida em casa, na escola, em seus relacionamentos com outras pessoas, ou somente em assuntos pessoais que só afetam você e não necessariamente outras pessoas. Cheque o domínio que mais se aplica a você no final da subescala. Não há problema em escolher mais do que um. Você irá reunir os escores das subescalas no final do inventário para determinar a severidade de seus problemas com procrastinação.
SUBESCALA 1 | Com que frequência isso acontece? |
1. Eu adio as coisas e elas acabam não são feitas | |
2. Enquanto eu procrastino, eu continuo pensando sobre o que eu deveria estar fazendo. | |
3. Outras pessoas ficam me cobrando por procrastinar. | |
4. Minha procrastinação faz com que eu me atrase para muitas coisas. | |
5. Eu invento desculpas para não começar. |
Onde eu tenho mais problemas com isso? (✔) ( ) No trabalho ( ) Em casa ( ) Na escola ( ) Nos relacionamentos ( ) Comigo mesmo |
SUBESCALA 2 | Com que frequência isso acontece? |
6. Eu evito situações e tarefas estressantes. | |
7. Quando uma tarefa me estressa, eu espero até o último minuto para fazê-la. | |
8. Eu ignoro tarefas desagradáveis até o último minuto. | |
9. Eu evito más notícias. | |
10. Eu evito informações que eu não quero realmente ouvir. |
Onde eu tenho mais problemas com isso? (✔) ( ) No trabalho ( ) Em casa ( ) Na escola ( ) Nos relacionamentos ( ) Comigo mesmo |
SUBESCALA 3 | Com que frequência isso acontece? |
11. Eu digo para mim mesmo que tenho bastante tempo, mesmo quando isso não é verdade. | |
12. Eu tenho problemas para me organizar. | |
13. Eu subestimo quanto tempo irei demorar para fazer as coisas. | |
14. Eu superestimo quanto tempo tenho disponível para fazer as coisas. | |
15. Eu adio tarefas porque não consigo me concentrar. |
Onde eu tenho mais problemas com isso? (✔) ( ) No trabalho ( ) Em casa ( ) Na escola ( ) Nos relacionamentos ( ) Comigo mesmo |
SUBESCALA 4 | Com que frequência isso acontece? |
16. Eu hesito porque tenho medo de cometer um erro ou falhar. | |
17. Eu evito fazer coisas que as outras pessoas possam não gostar. | |
18. Eu evito coisas não tenho certeza sobre como fazer. | |
19. Dúvidas sobre minha capacidade e incerteza me fazem adiar tarefas difíceis. | |
20. Eu não estou sempre certo sobre que decisão tomar, então eu adio o máximo possível. |
Onde eu tenho mais problemas com isso? (✔) ( ) No trabalho ( ) Em casa ( ) Na escola ( ) Nos relacionamentos ( ) Comigo mesmo |
SUBESCALA 5 | Com que frequência isso acontece? |
21. Eu odeio que me digam o que fazer. | |
22. Eu procrastino intencionalmente quando outros me dizem o que fazer. | |
23. Eu mostro para as outras pessoas o meu desprazer ao “me enrolar” | |
24. Eu concordo em fazer coisas para os outros, mas depois eu me arrependo. | |
25. É difícil, para mim, dizer não a outras pessoas. |
Onde eu tenho mais problemas com isso? (✔) ( ) No trabalho ( ) Em casa ( ) Na escola ( ) Nos relacionamentos ( ) Comigo mesmo |
SUBESCALA 6 | Com que frequência isso acontece? |
26. Eu assumo mais do que eu consigo administrar. | |
27. Se eu não consigo fazer algo perfeitamente, eu nem começo a fazer. | |
28. Eu me sinto sobrecarregado quando há muito para fazer. | |
29. Ou eu dou o meu máximo ou eu adio as coisas totalmente. | |
30. Às vezes, trabalho tão arduamente que eu me esgoto. |
Onde eu tenho mais problemas com isso? (✔) ( ) No trabalho ( ) Em casa ( ) Nos estudos ( ) Nos relacionamentos ( ) Comigo mesmo |
SUBESCALA 7 | Com que frequência isso acontece? |
31. Eu fico buscando diversão ao invés de trabalhar. | |
32. Quando eu não me sinto motivado, eu não ajo. | |
33. É difícil, para mim, parar de fazer algo divertido ou relaxante e retomar as tarefas. | |
34. Eu evito tarefas desagradáveis até que alguém as faça por mim. | |
35. Eu não tenho nenhum motivo real para procrastinar. |
Onde eu tenho mais problemas com isso? (✔) ( ) No trabalho ( ) Em casa ( ) nos estudos ( ) Nos relacionamentos ( ) Comigo mesmo |
Estamos quase lá!
Some seus escores totais para cada subescalas e transcreva-os na tabela a abaixo. O escore final da tabela abaixo indica a gravidade de seu problema de procrastinação. Os escores das subescalas 2 a 7 indicam o perfil de procrastinador que você possui, ou seja, qual é o motivo principal pelo qual você procrastina. Embora você provavelmente tenha características de mais de um perfil, a subescala onde você teve maior pontuação representa o seu perfil mais marcante.
Subescala 1 – Características Gerais dos procrastinadores | |
Subescala 2 – Tipo Evitativo (“não quero sentir nenhum desconforto”) | |
Subescala 3 – Tipo Desorganizado (“tenho tempo sobrando para fazer isso tudo”) | |
Subescala 4 – Tipo Indeciso (“preciso ter certeza para poder seguir adiante”) | |
Subescala 5 – Tipo Interpessoal (“ninguém me diz o que devo fazer”!) | |
Subescala 6 – Tipo Tudo ou Nada (“se não for sair perfeito, melhor deixar para fazer depois”) | |
Subescala 7 – Tipo Hedonista (“sigo a lei do menor esforço”) | |
ESCORE FINAL |
O que significa o seu escore final?
- 0a35: Normal. Parabéns!
- 36a60: Leve. Não há razões para se preocupar. Apenas fique atento.
- 61a70: Moderado. A sua procrastinação é um problema.
- 71a105: Severo. Já é hora de procurar ajuda. Isso já deve estar causando sérios prejuízos à sua vida.
Preciso mesmo de um psicólogo?
13 táticas para cuidar da saúde mental
Adaptado do texto de Letícia Sé.
A saúde mental é composta pelo aspecto emocional, comportamental e cognitivo. Antes com um maior estigma, a normalização da psicoterapia foi um fenômeno pandêmico.
No Brasil, a procura por consultas psicológicas online cresceu 230% em 2021, segundo pesquisas. Mas nem todo mundo precisa fazer terapia. Segundo especialistas, há momentos de maior sofrimento que demandam, sim, um auxílio externo de um psicólogo, mas é possível manter a saúde mental em dia com uma rotina saudável.
Cuidando da saúde mental:
1. Questione os pensamentos negativos
Todo mundo tem pensamentos automáticos negativos, que nos levam para cenários ruins. Mas o que diferencia uma pessoa que consegue se autogerenciar bem no campo mental é o questionamento dessas ideias negativas. Isso porque os pensamentos são interpretações possíveis de uma situação, e não a verdade absoluta.
A dica é fazer uma lista de prós e contras das situações, imaginar cenários diferentes do negativo e ponderar os fatos. E, acima de tudo, ter consciência sobre o pensamento: ele é só uma das possibilidades sobre a realidade. Pensamentos não são fatos.
2. Planeje sua fala para momentos importantes
Precisa conversar com o chefe sobre alguma questão do trabalho? Pense nos argumentos antes, respire com calma e relaxe o tom de voz, falando sozinho antes do encontro. Tenha certeza das suas reivindicações e respeite o interlocutor. Trabalhe sua argumentação. Se quiser, faça uma lista no papel. Assim, na hora, você consegue se expressar, sem tanto estresse e ansiedade. Ah! E não esqueça: dê espaço para a fala do outro e não espere que somente seus argumentos sejam importantes. Valorize a fala e a opinião do seu interlocutor.
3. Pratique um exercício físico que goste
Não precisa ir à academia. Procure uma atividade corporal que possa fazer com frequência: caminhar, andar de bicicleta, nadar ou dançar, por exemplo. O movimento ajuda na saúde mental por produzir os quatro hormônios da felicidade: endorfina, oxitocina, dopamina e serotonina. Meia hora de exercício por dia é um bom começo.
Quando estamos estressados, ativamos um ramo do sistema nervoso autônomo —que nos deixa estado de alerta, preparando-nos para o instinto de luta e fuga. Uma forma de ativar o sistema parassimpático, responsável pelo relaxamento, é o exercício físico, que diminui o cortisol e faz aumentar os níveis dos hormônios do bem-estar, prevenindo quadros de ansiedade e depressão.
4. Mantenha amigos por perto para compartilhar dificuldades e conquistas
Confiar em alguém para conversar sobre dificuldades e conquistas é muito importante para se sentir bem. Pode ser um amigo, parente ou uma rede de apoio. Faça uma seleção: há amigos que dão melhores direcionamentos do que outros. E não se preocupe com o julgamento deles, esteja aberto a orientações de fora.
5. Saiba dizer não
Sabe aquela sensação de cansaço permanente? Segundo psicólogos, ela se dá por não sabermos dizer não. Mesmo tendo diversas tarefas, as pessoas acumulam funções por não conseguirem recusar propostas.
Os especialistas dizem que há três grandes estilos de comportamento: passividade, agressividade e assertividade. O passivo geralmente guarda angústias para si. O agressivo explode, expressando-se de forma desrespeitosa. Já o assertivo tem uma maneira firme e respeitosa ao dar limites —forma ideal de se relacionar. A dica é ser sincero e saber recusar tarefas que você não quer ou não pode aceitar.
6. Não se importe tanto com a reação do outro
Ligada à dica anterior, esse desdobramento —a reação alheia— pode gerar ansiedade. Mas as reações dos outros não estão sob nosso controle, e é preciso estar em paz com isso.
Não tome as reações do outro para si. Entenda que todo mundo tem estilos de comportamento e que, de acordo com seus valores, você tomou a decisão certa.
6. Tenha autocompaixão
Trate a si mesmo como você trataria um amigo. Acolha suas dores e erros como se estivesse fazendo com alguém que você gosta. Todo mundo erra, mas o julgamento pode ser muito maior consigo mesmo —tome cuidado com isso. Comece a se ver de forma gentil. Se tiver um pensamento julgador, concentre-se no momento presente e veja o erro como parte do seu processo.
7. Escreva um diário
Essa dica serve para pessoas que têm a personalidade mais disciplinada. Escrever um diário auxilia no autoconhecimento. O objetivo é o mesmo da terapia: colocar para fora os processos mentais. Se você não é tão organizado para escrever relatos todos os dias, a dica é criar uma agenda de pensamentos: um caderno ou arquivo para você descrever ideias angustiantes, anotando a data e a situação em que elas surgem. Assim, ao longo do tempo, você vai conseguir reconhecer seus padrões e lidar melhor com eles.
8. Aprenda novas atividades prazerosas
Tocar um instrumento, pintar, desenhar, costurar ou aprender uma nova língua. Concentrar-se em uma nova habilidade ativa o seu cérebro em regiões que são menos exploradas, geralmente. Essa expansão faz bem para a saúde mental.
9. Livre-se do excesso de telas
A luz azul e os estímulos dos aplicativos geram ansiedade e uma hiperatividade cerebral. A dica dos especialistas é ficar atento aos relatórios de tempo de uso do smartphone. Faça atividades essenciais sem o celular, como nas refeições e no convívio com os amigos e familiares.
10. Faça higiene do sono
É importante fazer uma limpeza mental antes de dormir. Pare de usar o celular ao menos meia hora antes de se deitar. Faça algo prazeroso corporalmente, como tomar um banho e passar um hidratante no corpo, conectando-se com o momento presente. Concentre-se na sua respiração e a acalme nesse momento de preparação para dormir.
11. Tenha um pet
Ter um animal de estimação aumenta a produção dos hormônios de bem-estar e felicidade. Além de ser uma boa companhia, o pet é interessante para pessoas que sofrem de depressão, porque gera uma rotina de atividades por meio das responsabilidades que o animal traz, como passear, limpar a caixa de areia, dar comida e água.
12. Medite
“Mindfulness” é a ideia ocidental para a mesma prática conhecida no Oriente como meditação: estar consciente no momento presente. Não é preciso ficar horas meditando, mas alguns minutos por dia podem ajudar a aliviar as tensões. Na internet, é possível achar meditações guiadas, que narram como se concentrar na respiração. A meditação é uma grande aliada em casos de transtornos de ansiedade.
13. Tenha um projeto de vida além do trabalho
Qual seu maior sonho? Se a resposta está ligada apenas à carreira profissional, é melhor repensar. O trabalho, apesar de poder ser uma fonte de satisfação pessoal, é uma atividade que não dá conta da complexidade humana. Por isso, tenha um projeto de vida além do trabalho. Construa projetos por prazer, com metas de outra ordem.
Se precisar, busque ajuda profissional
De acordo com uma diretriz do MEC (Ministério da Educação), todas as faculdades de psicologia precisam ter uma clínica-escola para atendimento gratuito da comunidade, sejam elas públicas ou privadas. Apesar da alta demanda, as vagas para atendimento geralmente abrem duas vezes ao ano, ao começo de cada semestre letivo, já que envolve o trabalho dos estudantes do curso. É bom buscar ajuda profissional quando se observa que a qualidade de vida e das relações está afetada.
Learn MoreO golpista do Tinder e a dependência emocional.
“O Golpista do Tinder”.
Documentário que estreou recentemente na Netflix, o enredo tem situações e um desfecho tão absurdos que custamos a acreditar que se trata de um crime real.
A dependência emocional
Há uma gama de questões que poderíamos debater e problematizar, mas me aterei a dependência emocional, fruto da socialização feminina e do ideal de amor romântico — que leva mulheres a acreditarem que um relacionamento será sua maior, se não a única, fonte da felicidade e, às vezes, acabam sacrificando seu próprio bem-estar para manter o parceiro por perto.
Vale lembrar que, em casos como os retratados no documentário, a culpa nunca é da vítima. Aqui, vamos refletir o que as mulheres que são alvo dos golpistas têm em comum e qual a relação disso com o papel feminino imposto pela sociedade.
Em “O Golpista do Tinder”, vemos mulheres vibrantes, bem-sucedidas e independentes financeiramente que foram brutalmente enganadas por um estelionatário. Ao contrário do que equivocadamente se pensa sobre vítimas potenciais, elas não são frágeis ou desprovidas de sagacidade.
Então, por que isso acontece? O que torna mulheres, de origens e contextos diversos, foco de golpistas e abusadores?
Mulheres são condicionadas a dependerem do outro
Em primeiro lugar, precisamos entender que, social e culturalmente, a mulher é condicionada a depender do outro. No geral, ela cresce para ser filha, irmã, esposa, mãe de alguém. Nesse contexto, não existe a ideia de autonomia afetiva e, pela ausência do preenchimento de si mesma, ela busca o preenchimento pelo outro, a fim de aliviar seu vazio emocional.
Dessa forma, quando uma relação amorosa se inicia, a dependência infantil reaparece e ela projeta no novo parceiro a certeza de que será cuidada, protegida, amada incondicionalmente e de que não ficará mais sozinha, vivendo o ideal romântico do “felizes para sempre”.
A ideia de que um príncipe virá em sua salvação segue ainda muito sedutora. Mesmo emancipada e já tendo conquistado seu lugar no mercado de trabalho e no mundo, a mulher moderna ainda não se vê totalmente livre da ideação romântica de amor, o que a torna alvo de manipulações fantasiosas, em que ela é convencida de que encontrou o amor de sua vida em alguém que mal conheceu.
Mesmo considerando os diversos fatores que envolvem cada relação em particular, abusadores e golpistas identificam e sabem explorar com maestria os gatilhos e pontos fracos que alimentam em sua vítima o medo de perdê-los.
Assim, essa mulher é manipulada para aceitar os mais variados tipos de violência ou atitudes que colocam seu próprio bem-estar físico, emocional e até financeiro em risco.
A dependente emocional sente uma forte necessidade de cuidar, se doar e ajudar, como se isso fosse uma condição para sua existência. Dessa forma, ela tende a se sentir atraída por parceiros problemáticos ou que apresentem algum tipo de desequilíbrio emocional. Ao se ver diante de um pedido de ajuda por seu objeto de afeto, mesmo que seja algo racionalmente questionável, ela não hesitará em atender, buscando recursos fora de seu alcance, se preciso.
Cumprindo o papel de salvadora, ela espera não só ter seus esforços reconhecidos e valorizados, mas que todo seu sacrifício será retribuído em forma de amor incondicional. Em tempos de apps de relacionamento, como se defender desses predadores?
Autoconhecimento é a melhor proteção
A dependência emocional é uma condição afetiva decorrente de pensamentos disfuncionais, portanto, mais que identificar sinais de perigo nos crushes e matches, é importante que a mulher se conscientize sobre seus padrões de comportamento para ter relacionamentos mais saudáveis. Dessa forma, ela poderá fortalecer a distinção entre ela e a outra pessoa e entender que a necessidade de ter um parceiro é uma cobrança social infundada.
Tendo essa consciência e com sua autonomia afetiva fortalecida, ela terá menos risco de entrar no ciclo abusivo, mesmo que se conecte a um predador em potencial.
Chris Menezes
Learn MoreValeska Zanello e o que não nos contam sobre amor e gênero.
Valeska Zanello é pós-doutora em psicologia clínica, professora adjunta na UnB e coordenadora do grupo de pesquisa de saúde mental e gênero do CNPq
A segunda coluna do ano comemora a oportunidade de apresentar a vocês que me acompanham aqui uma pesquisadora e psicóloga brasileira cuja produção científica vem impactando não só a formação de jovens estudantes de psicologia mas também a visão de pessoas comuns sobre gênero e saúde mental.
Valeska Zanello é pós-doutora em psicologia clínica, graduada em psicologia e em filosofia, professora adjunta do Departamento de Psicologia da UnB, orientadora de mestrado e doutorado no Programa de pós-graduação em Psicologia e coordena o grupo de pesquisa de saúde mental e gênero do CNPq.
Estudos de gênero
Conheci a professora Valeska em uma busca por referências sobre estudos de gênero no Brasil. Já se vão quase três anos. Desde então, li seu sensacional e indispensável livro, “Saúde Mental, Gênero e Dispositivos”, lançado em 2018 pela Editora Appris, e segui acompanhando a divulgação científica que promove por meio do seu canal no YouTube.
Valeska é bem-humorada, de fala simples e acessível, mas o que ela fala reverbera de forma profunda em tudo aquilo que já vivenciamos ou conhecemos sobre gênero, relacionamentos amorosos e relações sociais de poder.
Valeska, por que nós, mulheres, temos os nossos relacionamentos amorosos como pilares essenciais para o nosso bem-estar? A impressão que eu tenho é que a gente não vale nada se a gente não está namorando ou se a gente não casou. É maluquice minha ou você acha que essa minha impressão faz sentido?
Valeska Zanello: Faz todo sentido, Júlia. E isso tem a ver com a forma de amar que é interpelada hoje, nesse momento histórico, no nosso país, desse tornar-se mulher. Ou seja, existem várias pedagogias culturais, afetivas, que nos ensinam uma certa forma de amar que é identitária.
Eu criei uma metáfora para exemplificar isso que é a “Prateleira do Amor”. Nós, mulheres, nos subjetivamos, nós nos constituímos como mulheres na prateleira do amor. E essa prateleira, assim como a prateleira do supermercado, tem posições diferentes. Ela é mediada por um ideal estético, que é branco, loiro, magro e jovem. A chancela de sucesso dessa prateleira ou dessa forma de amar é ser escolhida.
Por isso, é muito comum que mesmo uma mulher muito bem-sucedida profissionalmente, com muito dinheiro, com muita fama, seja questionada antes de qualquer coisa sobre a sua situação amorosa: “Casou? Tá namorando? Quando se separou? E aí, tem um paquera?” É como se antes a gente tivesse de mostrar essa carta de apresentação que comprova o sucesso da nossa mulheridade.
Esse sucesso é não só ter sido escolhida por um homem, mas, depois de ter sido escolhida, conseguir manter esse homem. Essa forma de amar nos deixa completamente vulnerabilizadas. Isso porque temos esse botãozinho que pode ser acionado por qualquer “perebado”, que é exatamente esse se sentir escolhida. Isso explica o porquê de muitas mulheres se apaixonarem não pelo homem real, mas pelo encantamento que elas acham que provocam nesse homem. Assim, a nossa autoestima acaba por ser terceirizada nessa forma de amar.
O que a gente aprende no processo de mulherificação é que a gente só é desejável se tem algum homem nos desejando.
Interessantíssimo isso de o amor ser identitário para nós, mulheres. Significa que ele é quase quem somos como pessoas, entendi direito? E sendo o amor e o relacionamento amoroso algo tão central na nossa vida, suponho que a gente vai ser treinada a ser capaz de fazer de tudo para sustentar esse amor, mesmo que isso faça muito mal pra gente. Afinal, o que somos depende disso. É mais ou menos assim?
Exatamente. E é mais do que quem somos como pessoas. É que valor nós temos como mulher. Isso quer dizer que a chancela do valor da nossa mulheridade é ser escolhida e se manter escolhida por um homem. Por isso é muito comum que se pergunte às mulheres que não são casadas se elas estão namorando, se casaram, se estão paquerando alguém. E se a mulher responde que não está se relacionando com ninguém, geralmente, o que ela ouve de volta é um: “nossa, mas uma moça tão bonita”. Inclua aqui qualquer adjetivo: tão prendada, tão inteligente, tão simpática. O que se pressupõe é que uma mulher solteira no nosso país está encalhada. Ou seja, ela foi preterida. Ninguém, nenhum homem a quis. A gente nunca pensa em uma mulher solteira como uma mulher tendo protagonismo.
Num cenário como esse, a gente poderia pensar assim: “bom, então o casamento protege a saúde mental das mulheres.” Contudo, o que as pesquisas na área da psicologia mostram é o contrário. Geralmente, em países machistas e sexistas, como é o caso do Brasil, o casamento é um fator de risco para a saúde mental das mulheres, ao mesmo tempo que, para os homens, é um fator de proteção.
Esse é um ponto importante. O fato da chancela do nosso valor de mulheridade ser o fato de sermos escolhidas e nos mantermos escolhidas por um homem coloca as mulheres em uma situação de mantenedora dessa relação. Custe o que custar. Existem várias pedagogias afetivas na nossa cultura que nos ensinam isso. O maior exemplo: “A Bela e a Fera”.
Um filme que já foi reeditado e é sempre sucesso de bilheteria, que conta a história de uma menina linda que se apaixona por um ogro. E aí, com muito esforço e dedicação, ela transforma o ogro “perebado” num príncipe encantado.
Isso só acontece em filme. Em geral, o que a gente vê são mulheres que se casam com um ogro e vão passar a vida inteira e morrer com um ogrão. A gente não vê filmes com um cara lindo e maravilhoso casando com uma “ogra”. Isso não existe. Isso é muito importante de ser observado, porque o mesmo enredo é reeditado de muitas formas. Ano passado a gente teve a série Bridgerton, com várias questões interessantes, mas que também repetiu esse enredo: uma moça que casa com um homem que é problemático, que a maltrata, que tem arroubos, impulsos agressivos, mas que no final se torna um cara legal.
Nesse contexto, o que a gente aprende é que a transformação depende do nosso investimento e do que a gente faz para que isso aconteça. Isso faz com que, no Brasil, muitas mulheres se casem não com o homem verdadeiro, o homem real que elas têm do lado. Elas se casam com o homem que elas querem que esse homem se torne. Como se o amor fosse uma aposta na bolsa. Ou seja, eu vou investir muito aqui pra colher algo bom no futuro. E o que a gente sabe é que, do ponto de vista da clínica, da psicoterapia, uma pessoa só se transforma se ela quiser muito. Por isso que geralmente as coisas acontecem como eu disse. A mulher se casa com um ogro e vai até o final da sua vida ao lado de um ogrão.
Gosto de ressaltar também o papel das outras tecnologias de gênero, das outras pedagogias afetivas. Uma das mais importantes aqui no Brasil são as músicas. E dentre as músicas, o gênero mais escutado é a música sertaneja. A cada 10 músicas ouvidas nas rádios brasileiras, 9 são desse gênero.
Eu fiz uma pesquisa com uma ex-aluna sobre as músicas sertanejas mais ouvidas durante três anos e é interessantíssimo observar como se constrói esse imaginário. O que se exalta é sempre essa ideia do encontro com a mulher que foi “A Mulher”, “A Especial”.
Esse é exatamente o botão que aciona o dispositivo amoroso: “Você é diferente das demais.” Importante perceber aqui a rivalidade que se estimula entre as mulheres naquela prateleira. E continua: “Antes eu era um bebum, eu só ia pra festa, minha vida era perdida e agora eu me tornei um homem de família, que vai pra sorveteria. E você é a responsável por isso.”
É como se fosse a coroação desta mulher que foi escolhida na prateleira, dando esse valor da mulher que é diferente de todas as demais. O que se vende nesse imaginário para esta mulher é que isso não é só desejável mas é totalmente possível.
E como acontece de uma mulher e um homem dentro da mesma sociedade, às vezes até dentro da mesma casa, tornarem-se pessoas tão diferentes. A mulher que tem o relacionamento amoroso como objetivo central da sua vida e o homem que não liga pra isso, ou ao menos não tem o amor como algo identitário para si? O que acontece nesse meio do caminho que a gente se torna tão diferente?
Em relação aos homens, a gente também vai ter um caminho preferencial de subjetivação. Do “tornar-se homem”. Para as mulheres, os dois pilares identitários são o dispositivo amoroso e o dispositivo materno. Para entender esse processo é muito importante saber que o núcleo central do dispositivo materno é baseado no que eu chamo de heterocentramento. Significa que existem fortes pedagogias afetivas na nossa cultura que nos ensinam desde que a gente é criança que a gente deve atender o outro, estar sempre disponível para o outro e priorizar os interesses, desejos e anseios dos outros em detrimento dos nossos próprios desejos.
Nós, mulheres, aprendemos que: primeiro o outro, segundo o outro, terceiro o outro, em décimo a gente. Já os homens passam por um egocentramento. Assim, eles aprendem: primeiro eu, segundo eu, terceiro eu, em décimo os outros. Dessa forma, nós, mulheres, acabamos nos responsabilizando completamente pelo cuidar.
Esse é um fenômeno que foi construído historicamente. Ele se localiza no tempo principalmente a partir do século 18, que é o século de consolidação do capitalismo, e segue até hoje. Temos a divisão sexuada do trabalho muito forte nesse sistema. A ideia de que o cuidado seria algo natural pelo simples fato de sermos portadoras de um útero acaba justificando a ideia de que cuidar não nos custa. Que seria uma espécie de vocação. Uma “realização” bem entre aspas.
Existe claramente uma expropriação do sistema em relação a isso. Em geral, quando alguém adoece na família, quem cuida somos nós e quando a gente adoece, quem cuida da gente são as nossas mães, irmãs, tias, primas e filhas.
O ápice da realização do dispositivo materno são os filhos propriamente ditos. Contudo, mesmo não tendo filhos, nós, mulheres, não estamos livres do dispositivo materno. Sempre se espera que a gente esteja disponível para atender os outros, mesmo que isso nos custe caro. Mesmo que isso nos custe abrir mão de nós mesmas.
No caso dos homens, os pilares identitários são totalmente diferentes. Para eles, isso acontece no que eu chamo de dispositivo da eficácia. Esse dispositivo é baseado em dois tipos de virilidade que são essenciais, na definição atual do nosso país, do que “ser um verdadeiro homem”. São elas a virilidade sexual e a virilidade laborativa (do trabalho). De forma sucinta, um verdadeiro homem precisa ser um trabalhador provedor e um comedor sexual ativo.
Precisamos entender que os homens lucram com o dispositivo amoroso e materno das mulheres. Na nossa cultura, os homens aprendem a amar muitas coisas, e as mulheres aprendem a amar os homens. Assim, a relação não dá certo. Enquanto nós somos amorcentradas e passamos a vida investindo nos homens, eles estão investindo no projeto de vida deles. Nós oferecemos a água e o húmus e eles são somente a planta que simplesmente cresce.
O dispositivo materno alimenta os homens enormemente. Enquanto nós estamos cuidando deles, por eles e para eles, eles estão cuidando e investindo na própria vida. Pensa: quem compra o presente do amiguinho da escola dos filhos? Do parente que faz aniversário? Quem pensa e realiza tudo para a casa e para a família funcionarem?
As mulheres enfrentam um grande desafio quando elas têm um grande projeto na vida profissional ou pessoal. Elas se sentem numa encruzilhada, porque se investem muito nesse projeto é como se elas tivessem deixando de investir na relação e nos filhos, e aí acabam se sentindo muito culpadas. O que geralmente acontece é que geralmente buscam um tipo de trabalho e projeto que permita a elas conciliar, mesmo que isso seja abaixo da expectativa que têm. Vemos isso com frequência na medicina. O mais comum é que as mulheres abram mão daquelas especialidades que exigem muita dedicação e maior flexibilidade de tempo, como neurocirurgia, por exemplo. Geralmente, as mulheres que querem seguir essa carreira ficam com medo de ficarem sozinhas, dos maridos abandonarem.
Os homens estão tão acostumados a receberem esse hiperinvestimento — e, quando a mulher não faz esse investimento, em geral, ele vai buscar se beneficiar do dispositivo amoroso e materno de outra mulher. A não ser que eles estejam muito apaixonados, mesmo.
Investir na carreira não proporciona à mulher uma chancela do seu valor de mulheridade. Ao contrário, coloca esse valor em xeque, pois ela está deixando de investir no amor e no dispositivo materno. Em relação è escolha da carreira, os homens não passam por isso. Esse investimento é a chancela do valor da sua hombridade. Quanto mais ele for bem-sucedido, for reconhecido e produzir dinheiro (porque o sucesso também se relaciona a isso) mais é chancelado e admirado como homem. E não é só isso: torna-se maior a chance de ele ter acesso a mulheres bem localizadas na prateleira do amor.
Gênero é sempre interacional. Isso quer dizer que quando um homem conquista uma mulher dentro desse ideal estético, uma mulher branca, “boazuda”, jovem, dentro do padrão estético dos nossos tempos, essa mulher chega como um troféu. Um troféu que chancela perante os outros homens o valor daquele homem.
Para uma mulher, ser desejada por um cara que não é tão bem-sucedido ou não é tão desejado no mercado amoroso é melhor do que nada. Mas se esse homem tem muito reconhecimento profissional e é desejado, isso faz com que ela tenha um “upgrade” na bolsa do amor.
Muitas mulheres sempre me perguntam: “Mas como sair desse dispositivo amoroso?” Eu respondo que é preciso descolonizar os afetos. Existem algumas estratégias para isso. A primeira é cultivar o letramento de gênero. Estudar, fazer grupos com outras mulheres e, nesses grupos, ler, aprender e repensar as próprias experiências para assim desnaturalizar esse machismo que nos constituiu como mulheres.
O segundo ponto é poder trocar experiências entre mulheres, nesses grupos ou em outros ambientes. Nós aprendemos muito com as vivências umas das outras. Ouvir uma mulher que está problematizando uma questão me faz enxergar situações que tive e que são semelhantes e eu ainda não estava me dando conta. Trata-se de uma politização do sofrimento. Começo a perceber que aquilo que me faz sofrer não diz respeito só à minha biografia, mas diz respeito a uma violência estrutural. Gênero e raça são focos de violência estrutural. A politização do sofrimento é um fator de proteção da saúde mental das mulheres.
Além de tudo isso, é preciso ter paciência. Afinal, não é um processo simples e rápido. Entretanto é um processo que vale muito a pena. Principalmente porque transforma a vida dessa mulher. Eu acho especialmente importante dizer que desconstruir o dispositivo amoroso não faz com que essa mulher não queira se relacionar. Apenas faz com que o amor seja um algo a mais, não algo central para a realização dessa mulher. Nesse sentido, ela passa a ter escolha.
Ocorre que os homens estão tão acostumados a serem a lâmpada, e a gente, o mosquito, o inseto em volta da lâmpada, que quando eles passam a ser somente uma das coisas importantes na vida de uma mulher e não mais o centro, eles entram em crise porque se sentem desimportantes. Significa que eles lucram muito com esse descentramento que o dispositivo amoroso causa na vida das mulheres. Um descentramento em relação a elas mesmas.
Valeska, muitíssimo obrigada por dedicar o seu tempo para nos trazer tantas reflexões importantíssimas e que literalmente salvam vidas! Fique à vontade para deixar uma mensagem a todas as pessoas que nos acompanharam até aqui.
O que eu gostaria que ficasse para as mulheres é que é possível descolonizar esses dispositivos, esses afetos, e reaprender modos de existir, modos de estar e de estar com os outros. Eu gosto muito de uma frase budista que diz assim: “A gente não luta contra a escuridão. A gente acende uma vela.”
O letramento de gênero e a educação têm papel fundamental nesse processo. Falo da educação em um sentido amplo. É importante estudar, ler, montar grupos de discussão. Há muitos grupos ocorrendo de forma virtual com leituras muito ricas no Brasil. Ter esse momento de fomento e troca de experiências é fundamental. Politizar esses afetos traz a noção de que eles são muito mais compartilhados do que a gente imagina. Esses momentos trazem um grande aprendizado de estratégias desse descentramento. E isso não pode ser deixado para amanhã. É preciso começar logo.
Para aquelas mulheres que têm mais tempo e possibilidade de acessar, eu sempre oriento buscar um processo de psicoterapia. De preferência com essa abordagem de gênero. Quem não tem acesso por questões financeiras pode buscar esse atendimento por meio das clínicas das próprias faculdades de psicologia que normalmente oferecem o serviço de forma gratuita como parte dos estágios obrigatórios para a formação dos alunos.
Para os homens, eu também gostaria de deixar uma mensagem. Nós, mulheres, não nascemos mulheres. Nós nos tornamos mulheres de uma certa forma. Ou seja, existem processos de mulherificação. Da mesma forma, homens também não nascem homens. Eles se tornam homens. E se tornam homens nesse padrão de masculinidade adoecida e adoecedora para quem convive com esses homens.
É muito importante que os homens participem desse processo de desconstrução desse machismo. Homens também podem buscar grupos, leituras e,, principalmente ouvir as mulheres. Quando uma mulher disser que você está sendo machista, violento, em vez de reagir e tentar se justificar para não se pensar, abra o ouvido e escute. Deixe essa palavra fazer efeito em você.
Learn MoreO impacto do sono (ou da falta dele) no processo de aprendizagem.
A onipresença de luzes, televisores e celulares, bem como a velocidade frenética com que a sociedade se movimenta, transformou o sono em adversário. No afã de aumentar a produtividade diária, seja trabalhando ou estudando, um crescente número de pessoas tem escolhido ficar mais e mais tempo acordado. Mas os cientistas alertam: a maior experiência de produtividade do corpo humano ocorre quando estamos… dormindo. E isso inclui, claro, o processo de aprendizado: a quantidade de horas dormidas está diretamente ligada à capacidade de reter conteúdo.
Para entender a relação entre sono e aprendizado, conversamos com Magda Lahorgue Nunes. Ela é neuropediatra especialista em Neurofisiologia Clínica-Medicina do Sono e vice-diretora do Instituto do Cérebro (InsCer) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
A seguir, leia os principais trechos da entrevista.
Qual a importância do sono para o aprendizado?
O ideal é a fazer essa pergunta de outra forma: quais as consequências de uma
noite mal dormida para o aprendizado? Já se sabe que a má noite de sono, ou o
sono com baixa eficiência, desequilibra a concentração, a capacidade de memória
e o comportamento. São fatores impactados negativamente. O sono é um processo
ativo, onde ocorre restauração das atividades cerebrais, como reparação dos
tecidos, metabolismo de radicais livre e edição das memórias. Se a privação de
sono desregula todo esse sistema, consequentemente vai prejudicar a capacidade
de tomar decisões, de resolver problemas e de estudar.
Qual é a quantidade ideal de horas dormidas para
que a capacidade de reter conteúdo não seja influenciada negativamente?
O tempo ideal de sono (para armazenar conteúdo ou qualquer outra atividade)
varia de acordo com a idade. A melhor dica é seguir as recomendações publicadas
em 2014 pela National Sleep Foundation:
- Recém-nascidos: 14 a 17 horas por dia de sono;
- Quatro a 11 meses de idade: 12 a 15 horas;
- Um a 5 anos: 10 a 14 horas;
- Seis a 13 anos: 9 a 11 horas;
- Catorze a 17 anos: 8 a 9 horas;
- Dezoito a 64 anos: 7 a 9 horas;
- Acima de 64 anos: 7 a 8 horas.
E quando as pessoas sentem sono ao estudar?
Teoricamente, uma noite bem dormida produz energia suficiente para manter-se
acordado ao longo do dia. Se existe uma sonolência excessiva na hora de
estudar, provavelmente há algo errado no sono noturno, o que pode ser produzido
a partir de um distúrbio crônico ou de maus hábitos, mesmo.
Muitas universidades oferecem espaços com redes e
pufes para leituras, mas também para um cochilo ao longo do dia.
A sesta vespertina é algo que tem sido revisitado pelas instituições
brasileiras. E isso é bom porque aquele hábito cultural muito forte nos países
latinos se perdeu com a influência americana. O cochilo curto de 30 minutos
pode, sim, melhorar a produtividade e ajudar a recuperar um pouco do sono
privado à noite – sobretudo aos adolescentes.
Como proporcionar uma noite de sono produtiva?
A higiene do sono é constituída por bons hábitos. Isso inclui reduzir os
estímulos luminosos, evitar comidas pesadas ou bebidas com alto teor de cafeína
à noite, ir para cama relaxado, estar em um local arejado e evitar barulhos.
Os estímulos luminosos que a sra. se refere
são as telas eletrônicas? Porque muitos cientistas dizem que elas
são as principais vilãs do sono.
De fato. Nosso organismo é sensível à luz azulada, a mesma do sol do meio dia e
dos computadores, televisores e smartphones. A exposição a ela, quando próximos
de dormir, desajusta nosso relógio biológico e pode perturbar o sono. O ideal é
que as crianças desliguem as telas pelo menos uma hora antes de dormir;
adultos, 30 minutos antes.
A senhora dorme bem?
Eu durmo muito bem (risos). E acho que é por isso que estudo o sono. Quero ajudar os outros a dormirem melhor.
Por Leonardo Pujol – grupoa.com.br
Learn MoreO mundo não é mais o mesmo, mas isso é mesmo um problema?
A questão que se impõe é: se o mundo não é mais o mesmo, o que devo fazer para aderir a este novo mundo?
Confira as 6 principais carreiras promissoras.
Você sabe quais são as carreiras promissoras no momento? Conhecer as áreas que estão em alta é uma maneira de fazer uma escolha acertada para a sua vida profissional, pensando, principalmente, nas oportunidades em longo prazo, e mais: esta não é mais uma escolha para jovens adolescentes.
Não importa a sua idade. Se você não está mais satisfeito com o que faz ou com o quanto ganha, você está nesse time. Se você deseja que sua vida seja melhor a cada dia, precisa fazer coisas melhores e diferentes hoje. A vida não é um jogo de azar, mas um jogo de estratégias, onde a sorte é só um detalhe.
Atualmente, existe um conjunto de demandas sociais que colocam algumas profissões em destaque. A maioria delas está relacionada com a transformação digital, que requer uma mão de obra técnica para a criação de sistemas digitais, especialistas para manter a saúde física e mental da população e profissionais que cuidam do meio ambiente, a fim de gerar o equilíbrio entre preservação e desenvolvimento social.
Com base em uma pesquisa recente da Forbes, que reuniu diversos especialistas para refletir sobre as carreiras mais promissoras da atualidade, criamos uma lista com as seis principais. Continue a leitura do post e fique por dentro do assunto!
1. Tecnologia da Informação
O desenvolvimento tecnológico é o que mais marca a sociedade atual. Com a Revolução Industrial 4.0, os aparatos digitais nunca foram tão necessários para as atividades mais simples do dia a dia de qualquer pessoa.
É por isso que as áreas da Tecnologia da Informação e da Ciência da Computação receberam tanto destaque. Confira algumas profissões que estão em alta dentro desse nicho!
Especialista em Big Data
O número de dados a serem manipulados aumentou consideravelmente com a adaptação de diversos processos para o meio digital. Para lidar com essa grande quantidade de informação, existe uma área da tecnologia especial para isso, que se chama Big Data.
Basicamente, o especialista em Big Data se preocupa em criar estruturas digitais de aquisição, armazenamento e processamento de dados da forma mais segura possível, com a possibilidade de lidar com um alto número de informações ao mesmo tempo.
Especialista em Cloud Computing
Outra consequência do desenvolvimento tecnológico é a adaptação de mecanismos físicos de armazenamento de dados para os serviços em nuvem. Com a Cloud Computing (computação em nuvem), é possível guardar uma enorme quantidade de documentos, sem limitação física, com fácil acesso e mais segurança.
Profissionais que trabalham nessa área ganham destaque, tendo em vista que a tendência é expandir a capacidade de armazenamento da computação em nuvem e tornar essa tecnologia ainda mais prática.
Especialista em Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial (IA) é uma das maiores tendências tecnológicas do momento e promete estar presente em diversos espaços a partir de agora. Vários serviços operacionais já utilizam essa ferramenta para a otimização de processos.
A IA visa a reproduzir alguns padrões cognitivos humanos para a execução automática de vários processos. Profissionais que atuam na criação de programas que utilizam essa ferramenta e desenvolvedores de sistemas também recebem visibilidade no mercado de trabalho.
2. Direito
A carreira em Direito é promissora há muito tempo, e isso não muda na atualidade. No entanto, algumas áreas recebem mais destaque, tendo em vista as novas necessidades da sociedade, sendo uma delas o Direito Digital.
Direito Digital
Com o aumento do uso da tecnologia, crimes cibernéticos passaram a ser mais comuns. Com isso, passou a ser necessária uma maior segurança em relação aos dados pessoais disponíveis na internet. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é um exemplo dessa preocupação. Assim, a área de Direito Digital tem crescido para acompanhar essas novas tendências.
3. Agronomia
O agronegócio é uma das áreas mais significativas que movimentam a economia do Brasil. Por conta disso, a carreira em Agronomia também é promissora, pois permite o estudo e a criação de inovações, melhorando a posição do país no que diz respeito à importação e à exportação de produtos de origem agropecuária.
Além disso, é necessário que essas transações sejam feitas com responsabilidade socioambiental. Dessa maneira, os profissionais da área buscam soluções para unir o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental na Agronomia.
4. Ecologia
Profissões que se relacionam com a preservação do meio ambiente também estão em alta no momento. Como muitos recursos naturais estão em escassez, é preciso reformular o estilo de vida da sociedade para evitar a ausência de diversos elementos fundamentais para a vida na Terra.
Uma das áreas ecológicas que se destacam é a energética, que estuda maneiras de produzir energia limpa e renovável para substituir aquela oriunda de combustíveis fósseis — tudo isso considerando o custo-benefício e os impactos proporcionados no meio ambiente.
5. Gerontologia
O Brasil passa por um aumento da expectativa de vida, chegando a 76,6 anos, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de modo que a saúde e o bem-estar da população idosa recebem cada vez mais atenção.
A Gerontologia é a área responsável por cuidados relacionados ao envelhecimento saudável e a demanda por profissionais especializados nesse nicho também cresce, tornando essa outra das principais carreiras promissoras.
Além disso, é importante ressaltar que a tendência de voltar o olhar para a terceira idade (termo um tanto estranho) não se encontra apenas na Medicina. É possível visualizá-la também em outras profissões relacionadas ao campo da saúde, como Nutrição, Psicologia e Fisioterapia.
6. Psicologia
Essa nova dinâmica social provocada pela modernização de diversos setores também traz efeitos a vários aspectos da população. Com o ritmo acelerado da sociedade, provocado, principalmente, pelo aumento do uso da tecnologia, diversos transtornos psicológicos começaram a ser mais frequentes entre as pessoas.
Com a pandemia de Covid-19, os cuidados com a saúde mental ficaram ainda mais em voga. Transtornos de ansiedade, depressão, estresse crônico e transtorno afetivo bipolar são alguns dos distúrbios psicológicos que mais se destacam no aumento de casos nos últimos anos no Brasil.
Por essa razão, a Psicologia também se mostra uma das carreiras promissoras para os profissionais que buscam essa área. Quem procura se atualizar e especializar-se de acordo com as necessidades da população tem ainda mais vantagem.
Tendo em vista que aqueles que atuam na área da saúde mental se destacam entre as principais carreiras promissoras da atualidade, é fundamental procurar sempre aprimorar conhecimentos. O Cognitivo é um espaço ideal para buscar o desenvolvimento profissional nas tendências da Psicologia.
Gostou de saber mais sobre esse assunto? Ótimo, mas isso não é tudo. A informação é importante, mas somente na medida em que a utilizamos para implementar uma AÇÃO.
Fonte: Texto adaptado de cogni.com.br.
Learn MoreMãe arrependida Sim Senhora!
“Eu sou Karla Tenório, tenho 38 anos, sou atriz, escritora, tenho uma filha de 10 anos e sou uma mãe arrependida.
Transformei minha angústia em um movimento para amparar mulheres como eu: que não gostam da maternidade. Sou criadora do “Mãe Arrependida”, que visa a libertação da voz das mães que não são felizes como mães, que sofrem e sentem culpa por conta da maternidade.
Esse movimento visa combater a construção social, baseada na ética cristã, de que a mulher tem um amor incondicional pelo filho, de que ela é a imagem e semelhança da Virgem Maria; essa ideia de que quando a gente vira mãe perde a sexualidade, se volta integralmente para a criança, para o trabalho doméstico e para o cuidado
Quando eu me casei, eu não queria ser mãe, mas hoje vejo que cedi à uma vontade que não era minha. Um dia, durante viagem para a Índia, em uma meditação no rio Ganges, tive a visão de que ia ter um filho. Daí passei dois anos planejando e me preparando para isso. Eu desejei, não engravidei sem querer.
O meu parto foi em casa, com uma parteira. Quando a minha filha nasceu, eu tomei uma porrada, porque eu havia me preparado durante dois anos e nada do que eu tinha lido refletia o que eu vivia.
Eu detesto ser mãe desde o momento em que a cabeça da minha filha saiu, durante o parto. Naquela hora, eu me perguntei se não tinha como voltar atrás, mas não dava. Tive uma complicação no parto, porque ela estava com a mão na cabeça e foi um processo delicado sair o resto do corpo. Foi aí que eu me arrependi.
Tive psicose pós-parto, que é algo mais grave do que a depressão pós-parto, porque eu era compulsiva por ser uma mãe perfeita
Na psicose, você perde a noção do tempo, se fecha para o mundo, vira uma cuidadora excessiva. Eu tenho guardado, por exemplo, um caderno em que anotava quantos minutos a minha filha mamava em cada seio.
Eu nunca tive babá, deixei de fazer muitas coisas, de aceitar trabalhos para ser uma mãe exímia, por conta da culpa. Eu sou assim, essa mãe perfeita, uma perfeita mãe de merda.
‘Parecia que eu era a única’
Os sintomas do arrependimento materno são frustração, sensação de que a vida acabou, abandono, desânimo para desenvolver novos projetos de vida.
Eu levei dez anos para sair do armário, para me assumir como mãe arrependida, porque parecia que eu era a única, que só eu sentia isso. O meu arrependimento também passa por um relacionamento abusivo com o pai da minha filha e um processo complicado de separação
Em 2017, eu entrei para um coletiva de mulheres e ali discutimos leituras sobre arrependimento materno. Naquele grupo, todas eram feministas, mas só eu era mãe. Consegui me expor, ser ouvida, mas estava só de novo, era a única.
Com o passar dos anos, comecei a ler mais sobre o assunto, a falar sobre o que sentia e percebi que havia outras mulheres como eu. Criei o espetáculo online ‘Mãe Arrependida’, não para causar polêmica, mas para que as mulheres sejam reconhecidas, possam falar sobre a sobrecarga e seus sofrimentos.
Hoje eu sou uma pessoa que está se curando da culpa, desse arrependimento. Hoje sei que o amor incondicional não existe, ela passa por mim como uma brisa, sou tocada poucas vezes por esse êxtase, porque eu tive que desenvolver uma relação, sou obrigada a cuidar de uma pessoa
A minha filha, a Flor Inaê, é uma pessoa incrível, um case de sucesso, porque é uma menina obediente, gente fina, que tem valores, e eu a amo
Esses dias me perguntaram se eu abortaria se soubesse que ia me arrepender no futuro. A verdade é que, infelizmente, não. Venho de uma família muito religiosa e sei que jamais teria abortado naquela época.
‘Maternidade é startup de alto risco’
A maternidade envolve todo um cuidado com higiene, a formação de um cidadão, um estudo de psicologia para entender cada fase de desenvolvimento, além do dinheiro para pagar todos os custos de uma criança. É uma bola extremamente sufocante estruturada pela sociedade.
A maternidade é uma startup de alto risco, sem reconhecimento e sem retorno. Não tem nada a ver com amor incondicional, é um treinamento necessário para a sociedade, um cuidado físico para criar um ser humano, o preparo de um cidadão.
Eu sou a titular do cuidado físico da minha filha até que ela consiga se virar sozinha, mas, para a sociedade, não é só isso. A mãe é a responsável por aquela alma até o fim da vida, um arquétipo de santa, que está nos abençoando onde quer que a gente esteja. E eu não quero assumir esse papel, quero apenas ser feliz
Já recebi algumas críticas pelo movimento que criei, a maioria de homens, que diziam que eu era a única.
A minha mãe entende que não somos iguais, ela me acolhe, não me julga, sabe que sou disruptiva e entende que a minha busca é real, porque vê o meu esforço diário para fazer o melhor para a minha filha.
Eu não quero só dizer que sou uma mãe arrependida, quero oferecer a minha dor para falar sobre algo profundo, que afeta muitas pessoas. Em nossa sociedade, somos filhos e netos de muitas mães arrependidas. E as mulheres precisam ser acolhidas em seus desabafos.
Penso também na importância de avisar as mulheres que não tiveram filhos ainda, as que estão pensando em ter, sobre o que de fato é a maternidade. É preciso acabar com o lado romantizado da maternidade, que é muito nocivo para todas nós, que causa tristeza, depressão e morte
Por isso, hoje eu faço um convite às mulheres para que possamos juntas criar um espaço de desconstrução da maternidade compulsória, recebendo e acolhendo as dores, os medos, as frustrações e a pluralidade de experiências.
Eu quero ouvir os depoimentos de outras mães, porque esse movimento é de amor, para que a minha filha, quando crescer, possa fazer uma escolha real e consciente sobre a maternidade.”
*Karla Tenório, 38, é atriz, escritora, criadora da peça “Mãe Arrependida”
FONTE Universa
Learn MoreAutocompaixão
“Que tal nos sentirmos bem com nós mesmos, sem a necessidade de sermos melhores do que outros, caindo assim na armadilha do narcisismo/auto-reprovação?
Autocompaixão envolve sermos gentis com nós mesmos, quando a vida dá errado ou notamos algo sobre nós que não gostamos, em vez de sermos frios ou severamente autocríticos.
Ela reconhece que a condição humana é imperfeita, assim, nos sentimos conectados aos outros quando falhamos ou sofremos, em vez de nos sentirmos separados ou isolados.
Envolve também a conscientização – o reconhecimento e a aceitação imparcial das emoções dolorosas ao passo que surgem no momento atual. Ao invés de suprimir nossa dor, ou então torná-la um drama pessoal exagerado, vemos a nós mesmos e a nossa situação claramente.
Autocompaixão não exige que nos avaliemos positivamente ou que nos vejamos como melhores do que outros. Pelo contrário, as emoções positivas da autocompaixão surgem exatamente quando a autoestima cai. Quando não atendemos a nossas expectativas ou falhamos de alguma forma.
Isto significa que o senso de autovalorização intrínseco inerente à autocompaixão é altamente estável.”
Como anda sua AUTOCOMPAIXÃO?
INVENTÁRIO DE AUTOCOMPAIXÃO
Fonte: Kristin Neff
Marque cada item segundo a escala abaixo.
1: quase nunca | 2: ocasionalmente | 3. metade das vezes | 4. frequentemente | 5. quase sempre |
( ) Sou desaprovador e julgador com minhas próprias falhas e inadequações.
( ) Quando estou me sentindo pra baixo, tendo a ficar obsessivo e me fixar em tudo que está errado.
( ) Quando as coisas estão indo mal para mim, vejo as dificuldades da vida como algo que todos atravessam.
( ) Quando penso sobre minhas inadequações, tendo a me sentir mais distante e separado do restante do mundo.
( ) Tento ser amoroso comigo quando estou passando por dores emocionais.
( ) Quando falho em algo importante para mim, sou consumido por sentimentos de inadequação.
( ) Quando estou me sentindo pra baixo e triste, me lembro que há muitas outras pessoas se sentindo exatamente assim agora.
( ) Quando as coisas estão realmente difíceis, tendo a ser duro comigo mesmo.
( ) Quando algo me irrita tento manter minhas emoções em equilíbrio.
( ) Quando me sinto inadequado de algum modo, tento me lembrar de que sentimentos de inadequação são compartilhados pela maioria das pessoas.
( ) Sou intolerante e impaciente com aspectos de minha personalidade dos quais não gosto.
( ) Quando estou passando por um período difícil, me dou o carinho e ternura de que preciso.
( ) Quando estou triste, tendo a pensar que a maioria das pessoas estão mais felizes do que eu.
( ) Quando algo emocionalmente dolorido acontece, tento ter uma visão equilibrada da situação.
( ) Tento pensar em minhas falhas como parte da própria condição humana.
( ) Quando noto aspectos de mim que não aprecio, tendo a ser duro comigo mesmo.
( ) Quando falho em algo importante para mim, tento manter as coisas em perspectiva.
( ) Quando estou realmente me esforçando muito, tendo a pensar que as outras pessoas estão conseguindo as mesmas coisas com mais facilidade.
( ) Eu sou gentil comigo mesmo quando estou atravessando períodos de sofrimento.
( ) Quando algo me irrita sou levado pelos meus sentimentos.
( ) Posso ser um bocado coração gelado comigo mesmo quando estou sofrendo.
( ) Quando estou me sentindo triste, tento observar meus sentimentos com abertura e curiosidade.
( ) Sou tolerante com minhas próprias falhas e inadequações.
( ) Quando algo emocionalmente dolorido acontece, tendo a enxergar o incidente maior do que ele realmente é.
( ) Quando falho em algo importante para mim, tendo a me sentir sozinho em meu fracasso.
( ) Tento ser paciente e compreensivo com os aspectos de minha personalidade dos quais não gosto.
Contate o psicólogo MÁRIO PONTE para verificar, junto com você, os resultados que você encontrou.
Esse contato não tem custo algum.
Learn MoreVocê não precisa produzir o tempo todo. A boa produtividade pressupõe descanso.
A ordem é produzir, de manhã, tarde ou noite, não pode parar. Chamada de mito da produtividade, essa ideia associa o nosso valor exclusivamente àquilo que entregamos, seja no trabalho, em casa ou na faculdade —o tempo não pode ser desperdiçado. Apesar de ser comum, especialistas dizem que esse raciocínio não é nada saudável, e afirmam a importância do descanso mental, de ter um momento sem fazer nada, apenas deixando os pensamentos passarem.
A pessoa acha que quanto mais ela produzir, mais reconhecida será, que vai conseguir conquistar mais coisas. Ela sente que precisa fazer alguma coisa o tempo todo; quanto menos folga tiver no dia, melhor o desempenho; quanto mais tarefas concluir o dia inteiro, melhor. Esses são algumas coisas que compõem esse mito.
No entanto, muitas vezes, o “não fazer nada” é fazer alguma coisa. Relaxar faz bem para o corpo e para a mente. O problema é que, por mais que isso pareça algo simples, é difícil de ser aplicado. Quando estamos em casa, de folga, por exemplo, queremos nos entreter, assistir a uma série, ler um livro, fazer uma caminhada, ou seja, devemos sempre estar fazendo alguma coisa e, quando isso não acontece, temos a impressão de que desperdiçamos o tempo.
Na verdade, a mente e o corpo agradecem quando você relaxa.
Esse comportamento é tipicamente das mulheres, já que elas têm mais dificuldade de ficar sem fazer nada por muito tempo. Mas é importante ter um período sem tarefa alguma. Ficar o tempo todo ocupado não faz bem para a saúde física nem mental. É importante organizar a rotina por prioridades, delegar funções, compartilhar, dividir as tarefas, saber dizer não, reconhecer e respeitar os próprios limites, os pontos fracos, pedir ajuda, se necessário. Porque quanto mais organizada a rotina, menos estressante e mais produtiva ela vai ser.
Fazer várias coisas o tempo todo não significa que a pessoa está sendo produtiva. Ser produtiva é fazer as tarefas que precisam ser realizadas, e o que não der para ser feito hoje, fica para amanhã. E muitas pessoas não conseguem fazer isso, aí passa a ser uma produtividade tóxica, porque faz mal, para haver uma produtividade saudável é preciso estar descansado.
Não há problema algum em querer aproveitar bem o tempo, quando possível, assim como não há problema em querer simplesmente relaxar e não fazer nada. Vale dizer que mesmo na hora do descanso, os pensamentos produtivos vêm, mas depende de cada um para que eles sejam desviados e o foco volte a ser o relaxamento.
É preciso ter tempo para trabalhar, para descansar e para ter lazer. Quando você não divide seu tempo assim, você pode chegar no esgotamento emocional, na fadiga. Você pode começar a desenvolver transtornos mentais e doenças físicas.
Cérebro precisa descansar
Júlio Pereira, médico neurologista da BP (A Beneficência Portuguesa de São Paulo), explica que durante o dia o ideal não é que as pessoas fiquem o tempo todo fazendo alguma atividade. “Se a gente fizer um estímulo constante do cérebro pode ocasionar um burnout no sistema nervoso central e até depressão. Então, o ideal é que nós tenhamos períodos de foco e períodos de total descanso.
Já em questões hormonais, segundo o neurologista, o cortisol (hormônio do estresse) é necessário no dia a dia, pois ajuda na concentração, no foco e na frequência cardíaca. “Quando você está produzindo, trabalhando, ele está sempre em alta”, diz.
Por outro lado, num período de descanso e relaxamento, esse hormônio, além de outros semelhantes, é reduzido. O grande problema é que quando ficamos muito tempo sem ter nenhum descanso, há consequências. “O cortisol é bom, mas elevado de forma crônica pode prejudicar uma série de coisas, e um dos efeitos mais comuns é a piora da memória”, destaca Pereira.
O especialista explica que quando estamos trabalhando, estudando, ou fazendo qualquer outra atividade, o cérebro está exercendo sua neuroplasticidade, que é como se novas conexões cerebrais fossem se formando. Mas essas conexões também precisam de um tempo para se consolidar. Para exemplificar, imagine uma atividade física: o treino serve para ganhar força, músculos, resistência, melhorar a saúde, entre outras coisas. Mas quando passamos do limite, ao invés de fazer bem, passa a fazer mal. Da mesma forma é o cérebro.
Um momento relaxando, sem fazer nada, faz muito bem à saúde.
O corpo também precisa relaxar
Quando estamos ligados no 220 o tempo todo, uma das consequências é a redução da produção de serotonina, o hormônio do bem-estar. Isso resulta numa perda de prazer, de se sentir bem. “A gente sabe que o estresse crônico está relacionado a problemas cardíacos e uma série de doenças que podem ter consequências nesse mito da produtividade”, diz o neurologista.
Da mesma forma que há um consenso entre a comunidade médica sobre as oito horas de sono por noite, o ideal é passar pelo ciclo do dia de forma organizada: trabalhar, comer, relaxar, descansar a mente, ter lazer ou fazer alguma atividade física. “A gente precisa tirar de lição que produzir significa aprender a usar e a desfrutar do seu tempo, e não só viver em função de cumprir com tarefas”, diz Aline Sabino, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Texto adaptado de Bruna Alves.
Learn MoreComo nasce o vício por comida?
A repetição exagerada de atitudes prazerosas, como tomar um sorvete ou beber vinho, altera o cérebro, promovendo a compulsão
Por Theo Ruprecht
Por que uma pessoa tomaria uma atitude que sabe que será destrutiva, como apostar até perder todo o dinheiro? Essa pergunta norteou a carreira do neuropsiquiatria Stephen Stahl, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Ao longo das décadas, o especialista estudou o comportamento de pessoas viciadas nas mais diversas coisas e como isso mexe com o cérebro delas.
Aproveitando que ele esteve em São Paulo para uma palestra — durante o evento “The Best of Brain, Behavior and Emotions”, que teve o apoio da farmacêutica Libbs —, SAÚDE fez uma entrevista com o expert. Saiba agora como uma atitude prazerosa pode se transformar em um vício e como os profissionais estão lidando com isso.
Por que uma pessoa
se vicia em algo?
Stephen Stahl: Começamos a fazer várias coisas
porque elas são recompensadoras. Mas, com o tempo, isso vai de recompensador
para uma prática excessiva e, por fim, transforma-se em um hábito. E o cérebro
não é mais o mesmo quando se vicia.
Temos vários tipos de vício, como o de comida. Muitos obesos têm compulsão alimentar. São pessoas que não comem porque estão com fome. Estão fazendo isso porque virou um hábito ruim com repercussões no cérebro.
Aí que está: por que alguém faz uma coisa destrutiva? Se você é esperto, sabe que apostar dinheiro demais trará problemas. Se tomar essas drogas, vai ser preso, vai perder sua esposa. Então, por que faz? A resposta é que todo mundo fica condicionado, como um cachorro que saliva quando ouve o barulho do pacote de ração. Os indivíduos, quando se viciam em comida, não cheiram, não sentem o gosto, não aproveitam e não param. Eles estão condicionados. Veem uma geladeira e pensam em comer, veem um pacote de bolacha e querem acabar com ele. E quando comem, não aproveitam.
Para entender isso dentro da cabeça, vou usar o exemplo do alcoolismo. Na ausência de um vício, o cérebro produz mais dopamina, um neurotransmissor do prazer, quando você bebe ou cheira o vinho. A dopamina, portanto, é o prazer que você sente. O curioso é que, quando está viciado, não é assim. Entre os viciados, os picos de dopamina surgem quando você vê a garrafa ou o copo. É uma resposta condicionada, só com base na expectativa. E o pior é que, ao beber, a dopamina nem sobe tanto. Ou seja, não há prazer no ato em si quando o sujeito tem uma adição.
Além disso, o cérebro muda a forma como funciona. No vício, a região mais ativada não é uma relacionada ao controle, mas sim outra vinculada a reações automáticas. Ele entra no piloto automático. Você nem percebe que está mordendo as unhas, batendo o pé… Ou comendo. São hábitos.
Como tratar isso
então?
Temos que quebrar o hábito. Infelizmente, estamos começando a entender que as
mudanças provocadas no cérebro por um vício podem ser irreversíveis. No
entanto, um novo aprendizado talvez bloqueie um antigo. Ou seja, em vez de
tentar fazer o cérebro voltar ao normal, podemos criar um circuito paralelo — e
é aí que entra a psicoterapia. Nela, o paciente aprende a suprimir o circuito
do vício sem se livrar dele. Essa pode ser a chave do tratamento. Mas ainda
estamos aprendendo muito sobre o tema.
Temos que entender que ter recaídas é comum no tratamento. É como cair do cavalo: você não pode desistir por isso. Em resumo, o dano pode ser permanente, mas isso não quer dizer que não há esperança.
Mas, com relação ao
vício por comida, a pessoa não pode simplesmente parar de se alimentar. Isso é
um desafio a mais?
Certamente. Você até pode parar de beber álcool, mas não de comer. A
adição é o excesso. Como definir esse termo que é o desafio. Na psiquiatria,
excesso é quando alguém começa a afetar o próprio funcionamento social por
causa de uma atitude. E isso pode acontecer com comida, exercício físico,
apostas…
Várias vezes, o vício vem de uma tentativa de escape, como a perda de um relacionamento. A pessoa pode estar lidando mal com a perda. Ela imagina que não precisa lidar com esse término, desde que fique se exercitando ou comendo. Mas assim que para, a perda está ali. Lidar com isso é doloroso, mas necessário.
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