
Por que algumas pessoas não conseguem fazer amigos?
A grande maioria dos problemas comportamentais, cognitivos e emocionais enfrentados pelas pessoas está direta ou indiretamente relacionada a dificuldades na interação/ relação com os outros. Mas…
1) O que te impede de conversar
com alguém?
2) Como iniciar uma conversação?
3) Como encerrar uma conversação?
4) Como enfrentar críticas?
5) Como fazer e receber elogios?
6) Habilidades Sociais, o que são?
A seguir… alguns textos sobre como manter uma conversação. Antes de prosseguir, no entanto, devo lembrar que todas as dicas citadas nos textos da série devem ser lidas apenas como pontos de partida, à partir dos quais se faz possível aprender outras estratégias pela exposição a situações sociais. Além disso, recomendo que essa exposição seja supervisionada por um profissional qualificado, já que a causa da dificuldade de interação social pode ser mais complexa. E é exatamente sobre algumas destas causas que trato neste primeiro texto.
Todo o
material é baseado principalmente no Manual de Avaliação e Treinamento das
Habilidades Sociais, publicado por Vicente Caballo (2006). O que faço é
apresentar suas ideias e discuti-las de uma forma menos técnica, tornando menos
cansativa a leitura.
O autor aponta uma série de barreiras que podem reduzir as chances de alguém
iniciar e manter uma boa interação social. Quando elas aparecem isoladas, de
forma pouco frequente ou pouco intensa, podem não representar grandes
problemas. Porém, caso contrário, podem se tornar verdadeiras fontes de
angústia e ansiedade para a pessoa. Estas barreiras são:
1. Falta de informações sobre as relações sociais:
Uma pessoa pode enfrentar dificuldades para estabelecer interações sociais satisfatórias pelo simples fato de ter poucas informações sobre a natureza das relações sociais, ou ainda, crenças falsas a respeito. Conforme explica Caballo (2006), algumas das crenças falsas mais frequentes são:
- As amizades são formadas ao acaso, sem requerer esforços de sua parte;
- A maioria das pessoas com quem nos encontramos está disposta à formação de novas relações;
- As relações desenvolvem-se rapidamente;
- Não se pode aprender grandes coisas sobre fazer amigos/as;
- Tudo é questão de sentimentos
- Não se pode fazer grande coisa parar tornar as relações mais profundas;
- Não se pode fazer grande coisa para manter os amigos e as relações íntimas.
2. Falta de Habilidades Interpessoais.
É importante que saibamos identificar e transmitir sinais de interesse e abertura ao diálogo em nossas interações sociais, possibilitando assim, perceber se o outro está aberto à interação e, do mesmo modo, mostrar-se acolhedor e aberto a ele. Caballo (2006) cita uma série de comportamentos que podem ser chamados Calorosos [de interesse] e Frios [de desinteresse] em uma relação social. São eles:
Calorosos: olhar nos olhos, tocar a mão, inclinar-se rumo à pessoa,
sorrir com frequência, olhar da cabeça aos pés (discretamente), expressão
facial alegre, sentar-se de frente à pessoa, assentir com a cabeça, umedecer os
lábios, levantar sobrancelhas, gestos expressivos com as mãos, olhares rápidos,
entre outros.
Frios: bocejar sem vontade, franzir a testa, afastar-se da pessoa, olhar
para o teto, negar com a cabeça, limpar as unhas, olhar para outro lugar,
estalar os dedos, percorrer o ambiente com o olhar, agarrar as próprias mãos,
brincar com a ponta do cabelo, cheirar o próprio cabelo, olhar para o relógio,
entre outros.
Estes são apenas alguns exemplos, considerados mais básicos. Além deles,
existem vários outros comportamentos que podem ser treinados em terapia e que
contribuem muito para o estabelecimento de boas interações sociais.
3. Falta de Habilidade para mudar.
Pessoas que não se mostram dispostas a mudar algumas de suas condutas nas interações sociais acabam também não conseguindo estabelecer vínculos afetivos mais profundos. É preciso observar o efeito de nossos comportamentos sobre os demais, e caso alguns deles gerem consequências indesejadas, estarmos dispostos a mudá-los.
Uma forma bastante eficiente de aprender novos comportamentos é observar outras pessoas. Em terapia, inclusive, é comum orientarmos aqueles que enfrentam dificuldades interpessoais a observarem a forma de agir de outras pessoas e tentarem se comportar de modo semelhante.
4. Regras/ crenças Internas Rígidas
Todos possuem um conjunto de crenças ou regras que definem quais comportamentos consideram adequados ou inadequados em cada situação social e com que tipo de pessoas devem se relacionar. André, por exemplo, acredita que frequentadores da igreja X são agressivos e desrespeitosos. Maria, por sua vez, acredita que mulheres jamais devem iniciar uma interação social com homens, em contexto nenhum.
Se estas regras ou crenças forem muito rígidas, podem representar uma enorme barreira para que possam conhecer outras pessoas. Por exemplo, André pode deixar de conhecer frequentadores da igreja X que são muito respeitosos e pacíficos. Maria, por sua vez, pode deixar de conhecer o amor de sua vida.
5. Temor à Avaliação Negativa
Algumas pessoas são verdadeiras escravas do medo do que os outros podem pensar a seu respeito e a respeito de suas características. Privam-se de uma série de atividades que gostam por medo de críticas e julgamentos negativos.
Por mais que possa parecer importante o que os outros pensam sobre nós, é impossível agradar a todos o tempo todo. Ninguém é perfeito, ninguém é livre de críticas. Além disso, a única forma de saber o que o outro realmente está pensando sobre alguma coisa é perguntando.
6. Antecipação de Consequências Negativas em vez de Positivas.
Existem grandes diferenças em relação ao quanto cada pessoa é capaz de se arriscar. A responsável por estas diferenças, naturalmente, é a história de vida de cada um. Pessoas com um histórico de insucessos em situações sociais possuem uma tendência a antecipar – isto é, tentar predizer – novas consequências desagradáveis em situações futuras.
7. Pensamentos negativos sobre si mesmo.
O que pensamos sobre nós mesmos influencia de forma significativa a nossa capacidade de fazer amigos. Quem acredita não ser capaz de construir uma nova amizade, que não é interessante ou inteligente o bastante para que outras pessoas se atraiam, acaba se comportando de forma a afastar os demais e dificilmente conseguirá reverter a situação.
8. Responsabilidade de fazer a primeira aproximação.
Algumas pessoas representam um papel passivo nas interações sociais. É como se esperassem que alguma coisa acontecesse para que, só então, alguma conversa se inicie. Não tomam a atitude, por mais que queiram.
9. Obstáculos Ambientais.
Contextos diferentes oferecem novas oportunidades para o desenvolvimento e aprofundamento das relações sociais. Procurar ambientes novos (geralmente frequentados por pessoas diferentes), às vezes, é uma boa saída para ampliar o círculo de amizades. Participar de cursos, academia, grupos de estudo ou outras atividades em grupo é o bastante, muitas vezes.
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