
Os 45/50 anos delas. A hora da virada!
O que era uma fase assustadora na vida delas, hoje pode ser usada para transformações pessoais
Fazer uma plástica nos seios, comprar um carro novo, prestar um novo vestibular, escrever um livro, abrir um restaurante, matricular-se na academia, fazer um curso de pintura, rodar o mundo de navio, pedir o divórcio. A lista de alternativas é extensa e reflete a diversidade de desafios assumidos pelas mulheres que resolvem dar um pontapé no ataque de nervos típico da meia-idade. Em um país onde a expectativa de vida das mulheres gira em torno dos 73 anos, segundo o IBGE, a meia-idade, matematicamente, deveria acontecer em um ponto qualquer entre os 36 e os 37 anos. Mas é a partir dos 45, com a aproximação da menopausa (a última ovulação), que a angústia acomete a maioria das mulheres e exige delas uma virada de mesa.

A fase é conhecida como climatério, que vem do grego klimacton e significa crise. Poderia existir palavra mais adequada? “Como toda crise, o climatério pode ser enfrentado de forma construtiva ou destrutiva. Se algumas mulheres se deixam abater, para muitas é a possibilidade de rever os valores e dar novos rumos à vida”, explica o ginecologista Rubens Paulo Gonçalves, autor de O desafio da menopausa (Ed. Alegro). Um dos principais fatores para a crise é a queda no nível de estrógeno, hormônio ligado à fertilidade e ao ciclo menstrual. “Sua escassez provoca sintomas fisiológicos – pele seca, facilidade em ganhar peso, arritmia cardíaca, suores noturnos e dores nos seios – e psíquicos –, mudanças súbitas de humor e depressão”, cita o médico.
Mas são os aspectos culturais que alimentam com mais vigor o turbilhão de emoções que afetam quem bate à porta dos 50 anos. Nas lojas, as vendedoras a chamam de “senhora”. As roupas descoladas já “não atendem” às demandas de sua faixa etária. Uma série de atitudes e gírias “não pega bem para uma pessoa da sua idade”. O mundo, em geral, parece tentar convencê-la de que alguém ali é carta fora do baralho. Os filhos não dependem tanto dela quanto antes e o momento profissional já não oferece os mesmos estímulos. É preciso encontrar outros. “Na primeira metade da vida, são movidas por obrigações sociais, como construir uma carreira, criar uma família, etc. Na segunda metade, é hora de serem autênticas. Não há tempo a perder com o que não julgam importante” e a mulher de 50 ainda terá pelo menos 30 anos pela frente. É importante buscar alternativas ao bingo e ter projetos de longo prazo”.
Além de reformular as relações com a família e com o trabalho, é preciso estar bem consigo mesma. Há aquelas que vão atrás de realizações pessoais, muitas vezes abandonadas em algum lugar do passado. Foi o que fez a paulistana Fátima Manfredini, 50 anos e quatro filhos. Ela dedicou-se por anos a cuidar da casa, dos filhos e do marido, vendo-se obrigada a abandonar a faculdade de direito para poder dar conta de todas as tarefas. Com o divórcio, há três anos, e os filhos adultos, resolveu pôr em prática seu sonho de adolescência: estudar fora do País. No ano passado, ela passou um mês estudando francês em Nice, na França, e já tem planos de voltar. “Agora tenho mais tempo para mim”, diz. Como ela, as outras mulheres que ilustram essa reportagem conseguiram, com sucesso, driblar a tão famigerada crise da meia-idade.
O corpo é um dos alvos preferenciais. Muitas mulheres que nunca pensaram em fazer plástica, nem davam importância ao espelho, mergulham em potes de creme e encontram na medicina aliados indispensáveis para dar um tapa na autoestima. “A crise da meia-idade é resultado da pressão de uma sociedade, em especial a brasileira, que privilegia a aparência física e a juventude. Por isso, a mulher sofre mais do que o homem, principalmente a bonita, já que a velhice nivela por baixo a beleza”, ensina a jornalista Léa Maria Aarão Reis, autora de Cada um envelhece como quer (Ed. Campus).
A literatura está atenta a isso. Um exemplo é a ficção Os diários do botox (Ed. Record, 448 págs.) de Janice Kaplan e Lynn Schnurnberger. Nessa espécie de manual despudorado e sensual, o leitor acompanha as aventuras das amigas Lucy Baldor e Jessica Taylor. Após trocar os biquínis por maiôs, elas encaram o segundo tempo da partida em meio a máscaras faciais, sutiãs que levantam os seios, romance extraconjugal, revival com o ex-marido e, claro, injeções de toxina botulínica. “Meu corpo é um templo. Simplesmente não quero que ele desabe como a igreja de St. John de Divine”, justifica uma delas. Alguma identificação?
Se na vida dos outros parece fácil, na própria vida pode parecer algo impossível. Muitas mulheres podem admirar a reviravolta que outras mulheres dão, mas não têm a menor ideia de como fazer ou por onde começar.
São muitos anos colocando-se em segundo plano e qualquer tentativa de mudar isso pode soar como egoísmo. Como se não bastassem seus próprios obstáculos, muitas delas ainda irão contar com o estranhamento de filhos, de marido, de amigos…
É nessa hora que um profissional qualificado pode ajudar. Uma psicoterapia pode ajudar a desfazer crenças limitantes e iniciar um trino comportamento que vai turbinar sua autoestima e dar novos sentidos à vida.
FONTE: Adaptação do texto de Camilo Vannuchi, Cláudia Pinho e Juliana Vettore Colaborou Aziz Filho
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