
Transtorno de Pânico
O que é o Transtorno do Pânico?
O transtorno do pânico é uma doença que afeta uma parcela considerável da população, com prevalência maior entre as mulheres. É um problema de saúde mental que impacta seriamente a qualidade de vida e as relações sociais e caracteriza-se por recorrentes episódios de ansiedade ou medo intenso quando não há perigo real ou causa aparente, tendo como resultado reações físicas graves. E qualquer um está suscetível a passar por isso.
Embora não ameacem a vida, os ataques de pânicos podem, e geralmente são, muito assustadores. O indivíduo sente que está perdendo o controle, tendo um infarto, morrendo ou ficando louco.
A crise ainda é marcada por temor ou desconforto intenso, palpitações, tremores, dificuldade de respirar, sudorese e sensação de que irá desmaiar ou “enlouquecer”. Tudo isso acompanhado de um grave episódio de ansiedade.
Há pessoas que têm apenas um ou dois ataques ao longo da vida, e o problema desaparece. No entanto, muitas vezes eles se tornam recorrentes e inesperados e, por isso, o indivíduo passa longos períodos com apreensão constante de outro surto. Daí começa a evitar situações que disparariam os sintomas, como eventos sociais e atividades profissionais.
O início é abrupto e a frequência, variável. É possível ocorrer mais de uma crise por semana, com duração de 10 a 40 minutos. Durante o episódio, é comum a impressão de irrealidade ou despersonalização, como se a pessoa não estivesse de fato ali (Luciana Sarin – psiquiatra do Prodaf).
Segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), um ataque de pânico pode ser classificado como um surto abrupto de medo ou desconforto intenso que atingem um pico em poucos minutos e que envolvem ao menos quatro dos seguintes sintomas físicos e cognitivos:
- Palpitações,
- Sudorese
- Tremores ou abalos
- Sensação de falta de ar
- Sensação de asfixia
- Dor ou desconforto torácico
- Náusea ou desconforto abdominal
- Tontura
- Calafrios
- Dormência ou formigamentos
- Desrealização
- Dedo de perder o controle ou enlouquecer e/ou medo de morrer
Destaca-se ainda que os ataques podem ser esperados, como em resposta a uma determinada situação ou sinal desencadeante óbvio, ou inesperados, quando os ataques ocorrem sem nenhum gatilho ou desencadeante óbvio no momento da ocorrência, como por exemplo, durante o sono.
Como a TCC pode auxiliar no tratamento do Transtorno do Pânico?
A terapia cognitiva comportamental (TCC) é considerada a principal abordagem terapêutica com eficácia comprovada para o tratamento do Transtorno de Pânico. De acordo com o modelo cognitivo comportamental os ataques de pânico surgem de
interpretações errôneas, distorcidas e catastróficas dos sintomas corporais. Nesse sentido, a taquicardia, por exemplo, pode ser interpretada como um possível ataque cardíaco. Essas interpretações distorcidas aumentam a excitação e intensificam os sintomas, provocando interpretações ainda mais catastróficas que desencadeiam o ataque de pânico.
Tratamento do Transtorno do Pânico
A terapia proposta envolve a psicoeducação sobre o transtorno e a combinação de um conjunto de técnicas baseadas em evidências, como técnicas para lidar com os sintomas da ansiedade (relaxamento muscular e respiração abdominal ou diafragmática), reestruturação cognitiva, exposição interoceptiva e exposição in vivo. Como as interpretações distorcidas das sensações físicas e as crenças sobre a incapacidade de administrar os sintomas de ansiedade são comuns no transtorno de pânico, um dos objetivos principais da terapia consiste na reestruturação desses pensamentos catastróficos. Dessa forma, durante os atendimentos, o terapeuta pode ensinar ao paciente um conjunto de técnicas para ajudá-lo a manejar os sintomas de ansiedade (fortalecendo assim também suas crenças de capacidade em lidar com os sintomas) bem como, paralelamente, pode empregar técnicas de reestruturação cognitiva, que ajudam o paciente a identificar e corrigir os pensamentos automáticos e crenças distorcidas em relação à ansiedade.
Como funciona o tratamento?
Além disso, a terapia envolve também um conjunto de técnicas comportamentais, como a exposição interoceptiva e a exposição in vivo. A exposição interoceptiva consiste em uma exposição gradual a alguns dos sintomas físicos do ataque de pânico e é realizada a partir de uma indução intencional desses sintomas – o que pode ser feito com a realização de exercícios no próprio consultório. Essa exposição, que na prática leva o paciente a passar por algumas sensações desconfortáveis no contexto seguro do consultório, auxilia o paciente a corrigir as interpretações catastróficas acerca dos sintomas físicos, além de aumentar seu senso de capacidade e sua tolerância em vivenciar esses sintomas. A partir dessa exposição gradual, esses sintomas físicos passam a ser menos assustadores para o paciente. Além disso, essa técnica funciona como uma preparação para a exposição in vivo.
A exposição in vivo, por sua vez, consiste no contato do paciente com locais ou situações que são evitados. Essa exposição é realizada de forma gradual sendo iniciada em situações ou locais que geram menos ansiedade até avançar para as situações ou
locais mais temidos. Os exercícios de exposição permitem que o paciente construa novos recursos internos que o capacitam a permanecer em contato prolongado com os próprios sintomas físicos de ansiedade. Destaca-se ainda que o tempo da exposição deve ser o suficiente para que a ansiedade atinja seu ponto máximo para, a partir daí, ir reduzindo gradualmente.
TEXTO adaptado de: atcminas.com